quarta-feira, 29 de agosto de 2012

frase do dia

Às vezes a separação dói, mas tudo se renova. Entretanto, o sabor dos abraços, dos sorrisos e do "cabelo ao vento, gente jovem reuinida..." fica para sempre. 




( Retirado de um comentário, no site : Revista Época )

trecho


Com a ajuda dos amigos

Não existe uma única maneira de viver, mas em todas elas os amigos são fundamentais

IVAN MARTINS


. .. Assim como a adolescência e os dias de “cabelo ao vento e gente jovem reunida” da faculdade fatalmente acabam, a grande paixão inesquecível da juventude também deixa de existir para muitos de nós. Haverá aqueles que tendo encontrado o amor aos 17 anos crescerão com ele até casar, ter filhos e construir, com base nessa relação afortunada, uma vida intensa e plena. Para outros, não. Para esses será preciso deixar para trás o amor dos 20 anos e descobrir outras formas de amar, outras pessoas, outros tipos de relação. Também nisso há uma espécie de fortuna: a possibilidade de viver outras vidas na mesma vida, a possibilidade de começar de novo quantas vezes for preciso. 
A boa notícia é que a vida se renova em todas as formas que a gente decide viver. Muitas vezes literalmente .. .

sábado, 25 de agosto de 2012

trecho

Hoje, se eu pudesse, pediria pra você parar. Parar agora. Colocaria fones de ouvido em ti e daria play na fita. Ficaria olhando sua reação ao mesmo tempo que você se espantaria com a minha ansiedade pelo veredicto.. 


Retirado de : Papo De Home, artigo : Você para pra ouvir musica .

domingo, 19 de agosto de 2012

trecho

Homem com H é aquele que sabe ser viril usando palavras sutis. Aquele que sabe chamar para transar na primeira noite sem ser pedreiro, que consegue se desvencilhar no dia seguinte sem ser grosseiro, que sabe dizer que um par de peitos é bonito sem parecer uma criança em frente a uma vitrine de doces.


Retirado de : Casal Sem Vergonha .

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

frase

— Sabe o que é bom nos corações partidos? — Eu assenti que não. — Eles só podem se partir de verdade uma vez .. o resto, são apenas aranhoes.

frase do dia

Só quem já teve um dragão em casa pode saber como essa casa parece deserta depois que ele parte.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Trecho - Garota Sputnik


Se cada época define uma mulher sedutora, a garota de tatuagem, sapato de marca e conteúdo Murakami é um símbolo da nossa era turbulenta. As piriguetes são divertidas, mas elas não estão na vanguarda, e nem sequer são chiques. Garotas discretas, poéticas ou cerebrais sempre serão fascinantes, mas elas não captam o espírito do tempo. O momento mistura a beleza dos anos 50, algo da loucura pueril dos anos 80 e a vocação internacionalista mais recente. A garota Sputnik tem uma pitada de Londres e Tóquio, mas se expressa pela ginga nacional. O seu sucesso tem um quê de escândalo.


Ivan Marins

frase do dia



Ela enfiava os pés pelas mãos muitas vezes, com a espontaneidade de quem estava mergulhada em apego.

Gabito Nunes

texto

"Eu já fiz sexo disfarçado de amor e, algumas vezes, fiz amor me enganando que era só sexo. Agora estou sem ninguém. É sexta-feira e de forma surpreendente estou sem ninguém. Nenhum casinho de nada, o que é abismal porque sou muito fácil. Até demais. Me apaixono fácil, me entrego fácil, ponho tudo a perder muito fácil. É sexta-feira, eu devia estar me preparando para mais uma expedição romântica pela cidade, nem que seja pra voltar pra casa com um estranho, todo cheio de adrenalina, descompostura e medo do perigo. Como um pequeno felino imaturo e sapeca eu me enrolo todo na linha que separa o certo do errado. Dia desses eu me enforco sem volta."


Gabito Nunes .

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

frase do dia

Talvez seja você. A vida vai dizer. De qualquer forma: Obrigado por me fazer dormir sorrindo.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

frase do dia


Reze e trabalhe, fazendo de conta que esta vida é um dia de capina com sol quente, que às vezes custa a passar, mas sempre passa. 
E você ainda pode ter muito pedaço bom de alegria.
Cada um tem a sua hora e a sua vez: você ainda há de ter a sua.

Guimarães Rosa, João.

imagem


O decálogo : Como dizer adeus .




IVAN MARTINS - 18/07/2012 08h43 -

Como dizer adeus

Onze ideias para sobreviver ao fim, com alguma dignidade

IVAN MARTINS

1. Diga adeus de verdade. Ou aceite o adeus que lhe deram. Pontos finais podem ser o começo de alguma coisa nova. Adiamentos e meias verdades não levam a lugar nenhum, e nos envenenam.

2. Não se coloque na situação de vítima. Isso destrói a sua autoestima e não faz ele ou ela voltar. Romance que acaba é uma fatalidade tão grande quanto romance que começa. Não tem culpados.

3. Assuma a responsabilidade. Não se abandone aos sentimentos negativos, como se você não fosse responsável pelo que faz ou sente. Em outras palavras, reaja.

4. Mantenha a dignidade. Ou rasteje com moderação. Quando você não tiver mais nada, o respeito por você mesmo – e pelo outro – pode ser de grande serventia.

5. Deixe o outro em paz, dê paz a si mesmo. Ficar correndo atrás da pessoa que a deixou, ou que você deixou, é tolice. Se procurou uma vez e não deu certo, fique na sua. Insistir piora tudo.

6. Procure os amigos. Os seus amigos, não os dela. Gente querida distrai e nos faz bem. Ah, sim: mesmo com os mais chegados, tente não reclamar 100% do tempo. Autocontrole ajuda a sair do poço.

7. Recolha-se ou exponha-se, mas seja fiel a si mesmo. Nunca invente um comportamento que nada tem a ver com você para agredir o ex ou para mostrar que você é foda. Só piora.

8. Faça arte ou consuma arte. Ver um show da Marisa Monte depois de um pé na bunda pode ser uma experiência transcendental. Assim como escrever poemas ruins, que você rasgará (ou não) depois de alguns meses.

9. Não perca pontos correndo atrás do ex anterior, a não ser que tenha virado amizade. Se ele ou ela ainda gostar de você, aproveitar-se para tentar se consolar é desprezível. E não funciona.

10. Lembre: da outra vez você sobreviveu. É importante ter isso em mente. As dores passam e a gente se apaixona de novo, mesmo que no momento isso pareça extremamente improvável.

11. Se a barra pesar demais, procure um analista. Ou mesmo um médico. Eles estão ai para nos socorrer quando o amor vira doença. Se você se assustar com você mesmo, é hora de pedir ajuda. Funciona.
(Ivan Martins escreve às quartas-feiras)

Noites de inverno

Retirado, de : Revista ÉPOCAIVAN MARTINS - 01/08/2012 08h54 -




É difícil sair da cama nas manhãs de julho. Do lado de fora do edredom há um mundo gelado e hostil. Do lado de dentro, calor e aconchego. Em outras épocas do ano isso talvez não fique tão claro, mas, no inverno, estar sozinho é uma forma diária e refinada de castigo. E a companhia do outro, que às vezes pode parecer supérflua, revela-se como coisa física e essencial. Em julho e agosto, calor humano é mais que uma metáfora. 
Tenho a impressão, às vezes, que a nossa vida é composta de essencialidades subestimadas. O calor do corpo humano no inverno é uma delas. O prazer da companhia do outro quando se chega em casa, é outra. Sentar no sofá e ver televisão quase em silêncio, falando sobre as miudezas do dia. Ir mais cedo para a cama pelo prazer de estar lá, lendo ou namorando. Saltar da cama com pressa, para aproveitar, a dois, uma manhã ensolarada. Dormir até mais tarde, sem urgência alguma, para desfrutar um sábado friorento. 
A gente não aproveita o suficiente essas coisas, eu acho. Um tempo enorme do nosso convívio é gasto ralhando com o outro sobre que ele ou ela fez de errado, ou se queixando do que o mundo lá fora fez com cada um de nós. Outra parte imensa do nosso tempo é perdida em tristezas sem razão, em suspeitas sem fundamento, em angústias de origem desconhecida, em culpas que nos perseguem como assombrações sem solução. A gente não gasta tempo suficiente com o corpo do outro, com o coração doce do outro, com a menta inquieta e criativa do outro. A gente não aproveita o outro como poderia, eu acho. 
Talvez haja armadilhas na nossa natureza humana que atrapalham na hora de ser feliz. Uma delas é o hábito, associado ao desprezo pelos detalhes. O que está lá todo dia deixa de nos fazer feliz. Pequenas coisas que fazem a diferença na nossa vida também podem passar sem ser notadas. Algo dentro de nós clama por grandeza e novidade, de preferência todos os dias. Como se fosse possível, ou mesmo desejável, viver uma aventura a cada 24 horas, reinventar a vida a cada volta do relógio. Mas é isso que uma parte de nós reclama – ela quer novidades, confusão, heroísmo e lágrimas. Exige movimento e agitação como sinônimo de vida. O cotidiano suave e amoroso é percebido como a chatice a ser combatida.
Às vezes eu acho que isso é um problema neurológico. Ele impede centenas de milhões de pessoas de ficarem em paz com as coisas legais que estão ao redor delas. Em lugar do gozo, o problema neurológico instala dentro de nós os mecanismos da inquietação e da queixa. Em lugar da satisfação, a angústia. Evidentemente isso não acontece com todo mundo, mas quando gente assim você conhece? Quanto de você mesmo não é assim? 
Talvez seja uma coisa evolutiva. Vai ver que a felicidade – ou qualquer estado de contentamento e acomodação – é negativa no longo prazo. Vai ver que nós, humanos, precisamos estar ansiosos o tempo inteiro para nos mantermos vigilantes, atentos contra os riscos. Sempre em movimento, sempre famintos. Como está na moda explicar tudo com base na evolução da espécie, fica aqui a minha modesta contribuição para o darwinismo social: haveria um gene da infelicidade que zela pela sobrevivência de longo prazo da nossa espécie? 
Na verdade, acho os determinismos biológicos bobagem. Tenho a impressão de que nós, coletivamente, escolhemos como queremos viver. É cultural. Nas últimas décadas, muitos de nós preferimos a inquietação em oposição à quietude. Nós escolhemos viver como bichos insatisfeitos em vez de viver como bichos felizes. Não nos educamos para apreciar as felicidades tranquilas da vida cotidiana. Talvez porque elas nos assustem. Talvez porque uma vida serena e repetida nos lembre estagnação e morte. Talvez porque os nossos valores sejam o do grande romance ocidental, em que sexo, romance e aventura culminam em uma morte dramática e prematura, como em Romeu e Julieta. 
Qualquer que seja a razão, não nos preparamos para apreciar os prazeres cotidianos. Estamos sempre olhando para fora de um jeito sonhador, ou para dentro de uma forma exageradamente crítica. Assim cultivamos a insatisfação e a infelicidade. Assim perdemos os melhores momentos da vida dos outros, e da nossa. 

Por isso eu gosto tanto da parte de dentro do edredom nas noites de inverno. Ela confere uma dimensão material e concreta aos nossos compromissos. Ela traduz, de forma gostosa e protetora, as nossas opções afetivas. Mostra que somos capazes de escolher, partilhar e proteger. Que sabemos apreciar o prazer e o conforto do nosso convívio. Ela é uma metáfora quentinha de uma parte importante e subestimada de nós – aquela que precisa do outro, que gosta do outro, que tem prazer na presença e no convívio com o outro. Aquela parte de nós que prefere ser feliz a reclamar.
(Ivan Martins )